Início do percurso: junto ao bairro de Santo António, em Manteigas.

A Rota do Javali permite vislumbrar a paisagem humanizada com uma vista panorâmica sobre a Vila de Manteigas, cruzar o interior de florestas magníficas, subir ao topo da ribeira de Leandres e sentir a cascata do “Poço do Inferno”.

Percorrer o caminho feito por Horácio quando se lançou em busca de uma vida melhor. Esta personagem, do romance neo-realista de Ferreira de Casto – A Lã e a Neve, travou duras caminhadas entre Manteigas e a Covilhã na procura de emprego na indústria tecelã, que lhe permitisse comprar casa e poder desposar Idalina, a sua amada. Nesta obra, o autor descreve os lugares por onde Horácio passa de uma forma muito fiel à realidade do património natural de Manteigas, retratando a força da personagem em pleno cenário da Segunda Guerra Mundial, num contraste entre o mundo rural e o proletariado.

No decorrer do percurso surgem estruturas de relevante interesse, como a Casa do Guarda-florestal dos Carvalhais ou o Viveiro Florestal das Moitas. A Administração Florestal da Serra da Estrela (Perímetro de Manteigas), criada em 1888, constitui um dos primeiros perímetros florestais de serras, desempenhando os Serviços Florestais um papel fulcral na sua arborização e gestão. Face à degradação a que chegara o coberto vegetal e os problemas de erosão do Concelho de Manteigas, a Câmara Municipal, em sessão de 13 de Outubro de 1888, decidiu ceder para arborização aos Serviços Florestais os baldios que ainda possuía. Tal medida encontrou séria resistência pelos pastores uma vez que os baldios eram utilizados principalmente como pastagens, tendo sido necessária, a determinada altura, a intervenção de uma força militar.

No que reporta a linhas de água, destaca-se a Ribeira de Leandres, que corre rápida por entre escarpas e vales encaixados e o Poço do Inferno, uma cascata natural de 10 metros de altura. Estes espaços naturais contribuem para o desenvolvimento da vegetação local e permitem contemplar uma bela mancha florestal que enche os horizontes de cor – tons suaves de castanho no Inverno/Primavera, verde com flores brancas no Verão, amarelo e laranja que se fundem na folhagem de Outono.

Neste percurso várias espécies autóctones estão presentes, tais como o castanheiro, o freixo, o carvalho-negral, o salgueiro e o amieiro-negro. Merecem especial destaque a gilbardeira, que possuiu estatuto de conservação, o vidoeiro e a tramazeira.
O equilíbrio existente entre espécies de folhosas e resinosas, aliadas à presença das linhas de água e de zonas de matos, tornam esta área num dos habitats preferenciais para diversas espécies animais. O traçado da Rota do Javali apresenta habitats frequentados pelo coelho-bravo, pela raposa, pelo javali e pelo ouriço-cacheiro. Das aves de rapina, destacam-se o tartaranhão-caçador e o peneireiro.

Quanto aos répteis, pode encontrar-se a cobra-de-água-de-colar e o lagarto-de-água. A lontra é também um dos animais que habita esta zona. A sua presença é detectada pelas pegadas em forma estrelada.

No decorrer do percurso é de salientar a paisagem provocada pelo fenómeno das cascalheiras – depósitos de fragmentos rochosos grosseiros, normalmente localizados em pendentes de inclinação moderada a forte, gerados por crioclastia (fender das rochas com a transição da água do estado líquido para o estado sólido).

  • Rota PR2MTG
    • Designação: Rota do Javali
    • Tipo: Circular
    • Coordenadas início W: 7º32'14,02"W 40º23'42,85"N
    • Altitude início: 722 m
    • Altitude mínima: 720 m
    • Altitude máxima: 1306 m
    • Sentido aconselhado: Ponteiros do relógio
    • Dificuldade: Média
    • Extensão: 11km
    • BTT: Não